

Laura Santos
Mestra quilombola, jongueira, educadora popular, escritora e militante
Laura Maria dos Santos, conhecida como Mestra Laura Mariá, foi uma das mais importantes lideranças quilombolas do Brasil. Nascida em 1959 no Quilombo do Campinho da Independência, em Paraty (RJ), dedicou sua vida à defesa da cultura afro-brasileira, à educação popular e à luta pelos direitos dos povos tradicionais. Faleceu em 14 de outubro de 2023, aos 64 anos, deixando um legado profundo e inspirador.
Laura construiu uma trajetória marcada pela resistência, pela ancestralidade e pela transformação social por meio da cultura, da oralidade e da educação. Como mestra jongueira, foi fundamental para o renascimento do jongo no Campinho, transformando-o em símbolo de identidade coletiva e resistência. Também era cantora de samba de raiz, compositora, contadora de histórias e griô, transmitindo oralmente os saberes ancestrais às novas gerações.
Foi diretora da AMOQC (Associação de Moradores do Quilombo do Campinho), cofundadora da ACQUILERJ (Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro) e atuou no Fórum de Comunidades Tradicionais da Bocaina, que articula comunidades de Angra, Paraty e Ubatuba. Sua militância articulava território, cultura e educação como dimensões inseparáveis da luta quilombola.
Um dos maiores legados de Laura foi sua incansável luta por uma educação quilombola diferenciada. Em Paraty, enfrentou o modelo escolar tradicional, propondo uma educação fundamentada na cultura afro-brasileira, nas vivências locais e nos saberes comunitários. Idealizou o projeto "Educando com Arte", que levou o jongo, a capoeira, o artesanato e a oralidade para as escolas públicas, influenciando políticas educacionais em nível nacional.
Como artista e educadora, Laura via na oralidade uma ferramenta pedagógica e política. Sua canção "A roseira deu flor" celebra a beleza e a força da vida quilombola, enquanto seu livro infantil Já sou grande! afirma com sensibilidade a identidade de crianças negras e quilombolas.
Hoje, no Campinho, quando se canta o ponto de jongo:
"Saravá jongueiro velho, que veio pra ensinar,
que Deus dê a proteção para jongueiro novo,
para o jongo não se acabar..."
Sentimos a presença da Laura, sua força que ecoa trazendo a beleza de quem dedicou a vida a luta comunitária e a construção de um mundo mais justo.
Laura presente!
Categorias:
educação | cultura | território
Bairro:
Quilombo do Campinho
Escrita verbete:
Ficha técnica do filme:
Às Margens da Independência